O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), inaugurou nesta terça-feira (9), em Manaus, o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI), reforçando o compromisso do governo federal no combate ao crime organizado na região amazônica. Durante o discurso, Lula foi enfático: “O crime organizado que se prepare, porque a Justiça vai derrotá-los”.
A cerimônia foi realizada na sede do novo centro, no bairro Dom Pedro, zona Oeste da capital amazonense, e contou com a presença de ministros como Ricardo Lewandowski (Justiça), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Frederico Siqueira (Comunicações) e Marina Silva (Meio Ambiente). Também participaram o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e a vice-presidente do Equador, María José Pinto.
União regional contra o crime
Em seu discurso, Lula ressaltou que o CCPI representa uma resposta coordenada e tecnológica ao avanço de facções criminosas na Amazônia, com operações integradas entre os nove países amazônicos e os nove estados brasileiros da região.
“O crime ocupa os espaços onde o Estado está ausente. Esse centro simboliza a presença do Estado, da lei e da cooperação internacional para proteger nossa floresta e nossos povos”, afirmou Lula.
Segundo o presidente, o crime organizado que atua na Amazônia é transnacional e se comporta como “verdadeiras multinacionais do crime”, infiltradas em estruturas públicas e privadas. Lula também mandou um recado indireto aos Estados Unidos, afirmando que os países da América do Sul não precisam de interferência estrangeira para cuidar da Amazônia.
Tecnologia e inteligência para proteger a floresta
O CCPI funcionará como polo de operações e investigações conjuntas, equipado com monitoramento em tempo real, gabinetes de crise e intercâmbio de informações. O projeto faz parte do Plano Amazônia: Segurança e Soberania (AMAS), lançado em 2023.
De acordo com dados apresentados pelo governo, desde o início de 2024 já foram realizadas quase 200 operações na Amazônia, com apreensões que ultrapassam US$ 250 milhões em recursos utilizados em crimes ambientais. Além disso, foram inutilizados US$ 60 milhões em equipamentos de garimpo ilegal, como dragas, tratores e aeronaves.
Lula também citou o Programa Ouro Alto, para rastrear o comércio ilegal de ouro e mercúrio, e o Brasil MAIS, que utiliza alertas por satélite para combater o desmatamento e a mineração clandestina.
Segurança como soberania
O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Andrei Rodrigues, afirmou que o centro representa o compromisso do governo com a soberania da Amazônia e a segurança pública como políticas de Estado. “Nunca tivemos um sistema de proteção tão robusto quanto esse na região”, destacou.
“Ou vencemos juntos, ou perderemos sozinhos. A segurança pública se faz com ações concretas, como esta que estamos realizando hoje”, reforçou o delegado.
Em vídeo, o secretário-geral da Interpol, Valdecy Urquiza, também elogiou a iniciativa, destacando o impacto internacional do projeto.
Desafio transnacional
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que o crime organizado é hoje um desafio geopolítico global, e que a união entre segurança e soberania é indissociável.
“As ameaças à segurança pública se tornaram ameaças à soberania dos países. Por isso, o combate ao crime precisa ultrapassar fronteiras e ser feito com cooperação internacional”, concluiu.
Com informações do portal A Crítica.