Dia do professor, 15 de outubro, expõe a rotina de desvalorização, sobrecarga e adoecimento de professores
Neste 15 de outubro, Dia do Professor, a data — que deveria ser de celebração — se tornou um momento de protesto e alerta no Amazonas. Segundo o Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus (Asprom/Sindical), os docentes enfrentam uma realidade de desvalorização, sobrecarga de trabalho e adoecimento físico e emocional.
O coordenador jurídico da Asprom, Lambert Mello, afirmou que não há o que comemorar. “Infelizmente, a data é de tristeza, de lamento e de reivindicação. Usamos o dia para denunciar as condições precárias enfrentadas pelos professores”, disse.
Rotina exaustiva e impactos na saúde
Muitos professores atuam em até três turnos por dia, sem estrutura adequada, apoio da gestão ou materiais básicos para o ensino. Isso tem gerado um número crescente de afastamentos por motivos de saúde. “Temos muitos docentes adoecidos. Trabalham sem apoio, sem condições, e isso leva ao esgotamento”, destacou Mello.
Além disso, os profissionais lidam com violência nas escolas, baixos salários e atrasos em direitos como progressões de carreira e reajustes salariais. Segundo o sindicato, o governo estadual não pagou as datas-bases de 2023 e 2025, com uma defasagem salarial acumulada de 13,22%.
Precariedade e acúmulo de funções
A professora Maria Aurivania Oliveira, de 48 anos, é exemplo dessa realidade. Viúva, ela trabalha em dois turnos e ainda vende cosméticos para complementar a renda. “É cansativo, mas não tenho escolha. O salário é baixo, e ainda enfrentamos o risco da reforma da Previdência”, lamentou.
Ela ressalta que o problema vai além da remuneração. “É uma questão de respeito. A gente ama o que faz, mas precisa de condições dignas para ensinar. A educação só vai melhorar quando o professor for valorizado.”
Críticas e contexto político
O sociólogo Luiz Antônio, professor da Ufam, destaca que os problemas da educação no Amazonas são agravados pela falta de compromisso político. “Muitos parlamentares votam contra a educação, e parte dos próprios professores ajuda a elegê-los. Isso perpetua o descaso com a escola pública”, afirmou.
Ele defende uma política de cargos e salários justa, que garanta progressão automática e remuneração compatível com a importância do trabalho docente. “O professor precisa de tempo para estudar, preparar aulas e se qualificar. Sem isso, o ensino fica comprometido.”
Com informações do AM1.