O Partido Liberal (PL) no Amazonas enfrenta uma das suas fases mais turbulentas desde que se tornou a principal sigla do bolsonarismo no país. A crise interna que se arrasta nos bastidores ganhou contornos públicos nas últimas semanas, evidenciando um racha entre lideranças, disputas por espaço e um aparente vazio de direção política clara.
Sob o comando do ex-ministro e ex-prefeito Alfredo Nascimento, o PL no Amazonas vive uma espécie de crise de identidade. De um lado, os bolsonaristas mais radicais que cobram fidelidade absoluta ao ex-presidente Jair Bolsonaro e do outro os que rejeitam qualquer aproximação com nomes ligados ao centrão. Para agravar ainda mais a situação, o PL regional tem uma direção estadual que está se mostrando incapaz de pacificar os ânimos ou estabelecer uma estratégia consistente, visando as eleições do próximo ano.
Essa semana, o partido foi abalado por supostas ameaças de expulsão da deputada estadual Débora Menezes, parlamentar que possui ligação direita bom Bolsonaro e a única pol;itica eleita mulher que defende esse espectro político. Segundo o analista político Brian Dolzane, há até áudios de reuniões em que Alfredo Nascimento teria declarado abertamente sua intenção de expulsar Débora da sigla, gerando forte reação de militantes conservadores e colocando em xeque o compromisso da sigla com seus próprios princípios.
Para piorar, o partido tem enfrentado resistência de parte da base bolsonarista, que vê em figuras como o vereador Sargento Salazar e outros parlamentares estaduais uma postura dúbia em relação ao governo Lula e à própria pauta conservadora. Em vez de unidade, o que se vê é um festival de acusações, omissões e vaidades.
“O PL no Amazonas precisa urgentemente se reencontrar com sua base e definir que caminho quer seguir”, afirma um dirigente da legenda que preferiu não se identificar. “Ou o partido será apenas um balcão de negócios políticos, ou voltará a ser a casa da direita autêntica no estado.”
Com a aproximação do pleito de 2026, a expectativa era de que o PL saísse na frente na disputa por cadeiras no Senado, Câmara e Assembleia Legislativa. No entanto, a fragmentação interna e a falta de coesão ideológica têm minado a capacidade de articulação do partido.
Com informações do Foco no Fato.