Deputados se unem em defesa de Wanderley Monteiro após processo de expulsão do Avante

Os deputados estaduais reagiram com críticas à decisão do Avante de abrir processo de expulsão contra o colega Wanderley Monteiro por quebra de fidelidade partidária. A medida foi motivada pela assinatura, por Monteiro, do requerimento de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a Prefeitura de Manaus.

Na sessão da Assembleia Legislativa desta terça-feira (12), parlamentares como Delegado Péricles (PL), Roberto Cidade (União), Rozenha (PMB) e João Luiz (Republicanos) classificaram a decisão do partido como “falta de respeito”, “violência política”, “ataque” e “retaliação”. Eles também mencionaram o caso do deputado federal Saullo Vianna (União), que fez diversas críticas ao governador Wilson Lima e nunca foi punido pelo partido.

“Repudio essa tentativa de calar um parlamentar estadual, ameaçando-o com expulsão e perda do mandato. Isso jamais deveria acontecer. Esta Casa precisa ser respeitada”, declarou Delegado Péricles.

O parlamentar é autor do requerimento que resultou na CPI para investigar a aplicação de cerca de R$ 187 milhões transferidos pelo Governo do Amazonas à Prefeitura de Manaus para o asfaltamento de ruas. O documento recebeu dez assinaturas, incluindo a de Wanderley Monteiro.

O Avante justificou a decisão afirmando que a ação foi unânime pelas diretorias municipal e estadual do partido, com base no estatuto e na legislação eleitoral que asseguram a coerência política e o compromisso com a base eleitoral.

Péricles destacou que as convicções do deputado devem prevalecer sobre qualquer orientação partidária. “Ele assinou a CPI com base em sua consciência de que os recursos do Estado devem ser fiscalizados. A decisão do partido não pode resultar na perda do mandato de Wanderley”, afirmou.

Para ele, caso o Avante opte pela expulsão, Monteiro tem o direito de escolher outra legenda sem perder o mandato, conforme jurisprudência do STF e do STJ.

Roberto Cidade, presidente da Assembleia Legislativa, criticou o prefeito David Almeida por ordenar a expulsão. “É lamentável que alguém que já foi deputado estadual, conhecedor do regimento, use a força do cargo para retaliar um deputado que exerce seu papel constitucional”, disse.

Cidade ressaltou ainda que a CPI ainda não foi instaurada e que a iniciativa não deveria ser motivo para retaliação. Ele também lembrou que o deputado federal Saullo Vianna, do mesmo partido do governador Wilson Lima, frequentemente critica o chefe do Executivo estadual sem sofrer punições.

O deputado Rozenha defendeu a autonomia parlamentar e criticou a decisão do Avante como uma forma de “violência política” e “pensamento retrógrado”. Ele afirmou que o PMB está de portas abertas para receber Wanderley Monteiro.

“Diferente da Câmara dos Deputados, aqui na Assembleia o voto do deputado é uno. Não há voto em bloco partidário. Divergências são salutares e devem ser respeitadas”, afirmou.

Rozenha acrescentou que pedir expulsão ou cassação de um parlamentar é uma medida exagerada e antidemocrática, contrária à postura que um prefeito ou ex-presidente da Casa deveria ter.

O deputado João Luiz, do Republicanos, também criticou as retaliações políticas e declarou apoio a Wanderley. “Estamos unidos e as portas do Republicanos estão abertas para recebê-lo”, afirmou.

Por fim, Wanderley Monteiro agradeceu o apoio dos colegas e reafirmou seu compromisso com a população. “Minha consciência está limpa. Deus vai mostrar, em 2026, a maior resposta. Tamo junto!”, declarou.

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