Credibilidade de famosos levou muitas pessoas à ruína, diz relator de CPI de pirâmides e 123milhas

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Brasília (DF) – Em junho, a Câmara dos Deputados instaurou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras para investigar o mercado de criptomoedas. Com pouco mais de dois meses de atuação, os parlamentares convocaram mais de 150 pessoas para esclarecer denúncias de supostos esquemas de fraudes, incluindo personalidades como Tatá WerneckCauã ReymondRonaldinho Gaúcho e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues Gomes.

O grupo ainda solicitou e conseguiu a quebra de sigilo bancário da 123milhas, para apurar o cancelamento de milhares de compras de passagens aéreas. Em entrevista ao site da Jovem Pan, o relator da CPI, deputado federal Ricardo Silva (PSD-SP), aponta que o uso da credibilidade de personalidades públicas em anúncios publicitários fez com que muitas pessoas caíssem em golpes, perdessem todo o dinheiro e causou até mesmo casos de suicídio.

Ele relembra que houve uma explosão de empresas que utilizaram as criptomoedas para cometer fraudes e, devido ao envolvimento de milhares de brasileiros, a Câmara entendeu que era motivo de instalar uma investigação sobre isso e tentar barrar os esquemas. “A cabeça do fraudador, aquele que quer cometer um crime, sempre fica buscando uma oportunidade. Eles viram um caminho nesse mercado de criptoativos, que era novo, oferecendo investimentos que rendiam 2% ao dia ou 300% ao ano. E muitos se utilizaram de artistas e de jogadores de futebol para fazer propaganda. Quando essas personalidades gravam uma mensagem, dando segurança para as pessoas, dizendo pode investir, o lucro é certo, isso acaba atraindo milhares de pessoas. Porque elas veem essas figuras com credibilidade. Muitas pessoas acabaram caindo nesses golpes justamente promovidos por influencers e artistas que estavam levando milhares ao abismo”, aponta.

O deputado indica que o momento de crise econômica pós-pandemia, aliado com a credibilidade dessas pessoas públicas fazendo anúncios, levou muita gente ao que classificou como “ruína”.

“A credibilidade de pessoas públicas levou muitas pessoas à ruína e ao suicídio. Estamos recebendo [na CPI] familiares de pessoas que se mataram porque perderam tudo nesses esquemas que foram divulgados por artistas e celebridades. É muito triste. E, para o artista, é muito fácil falar que não sabia, que não vai à CPI, que é um absurdo. E as pessoas que você levou à ruína? Você buscou saber se o negócio tinha registro? Sua assessoria técnica não buscou saber? É fácil falar depois que as pessoas perderam tudo graças a essas aparições públicas”, opina.

Ricardo indica que um dos objetivos da CPI é criar regras para as propagandas realizadas por esse tipo de empresa, para prevenir golpes. O parlamentar revela que muitas delas não possuíam os registros necessários para atuar. Por conta disso, o grupo precisou a recorrer a solicitações de quebras de sigilo bancário para ter acesso a informações de como atuavam essas organizações.

Fonte: Jovem Pan News

Júlio Gadelha http://ovies.com.br

Estudante de Jornalismo graduado em Marketing: Explorando o caminho brasileiro da Democracia e da Política.

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