Brasília (DF) – Fontes vinculadas à investigação da Polícia Federal (PF) sobre a alegada tentativa de golpe de Estado relatam que um segmento do discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a minuta golpista será registrado no inquérito.
Segundo a PF, na declaração, o ex-presidente teria reconhecido a existência de um documento de natureza golpista.
No fragmento em análise, Bolsonaro procurava refutar a acusação de planejamento de golpe.
“Então, o golpe é porque existe uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe utilizando a Constituição? Tenha santa paciência”, afirmou.
Os investigadores consideram que o discurso reforça outras evidências de que a tentativa de golpe contava com “apoio e envolvimento de Bolsonaro”.
Em relação à suposta tentativa de golpe, o presidente também defendeu a legitimidade do estado de sítio, embora tenha ressaltado que não foi utilizado durante seu mandato.
“Deixo claro que o estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não. Apesar de não ser um golpe, o estado de sítio não foi convocado por nenhum membro dos conselhos da República e da Defesa para ser planejado ou para colocar em papel a proposta do decreto do estado de sítio”, declarou.
“O segundo passo do decreto do estado de sítio, após o presidente ouvir os conselhos, é enviar uma proposta ao Parlamento. Essa proposta é analisada pelo Parlamento, que decide se o presidente pode ou não emitir um decreto de estado de sítio”, continuou Bolsonaro.
“O estado de defesa é semelhante. Ou seja, agora querem nos fazer acreditar que um golpe usando dispositivos da Constituição, cuja decisão final é do Parlamento brasileiro, estava sendo planejado”, acrescentou.
Na última quinta-feira (22), Bolsonaro e outros 22 investigados foram interrogados pela PF. O ex-presidente optou por exercer o direito de permanecer em silêncio.
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