Garimpo legal na Amazônia: uma balsa rende até R$ 1,16 milhão ao mês

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O garimpo na região amazônica tem se intensificado nos últimos 10 anos. Segundo o estudo “Abrindo o livro caixa do garimpo”, divulgado pelo Instituto Escolhas nesta sexta-feira (16), a estimativa de receita de apenas uma balsa de garimpo de ouro nos rios da Amazônia é de R$ 1,16 milhão ao mês.

Com o pagamento das pessoas que trabalham no garimpo de balsa, o responsável pela extração de mineral tem um lucro de aproximadamente R$ 632 mil.

O investimento inicial para abrir, de maneira legal, uma unidade de garimpo de balsa na Amazônia é de R$ 3,3 milhões, de acordo com a pesquisa. O montante é necessário para compra de máquinas e equipamentos usados na atividade predatória no maior bioma brasileiro.

O estudo analisou dados do garimpo de balsa, que acontece nos rios, e o garimpo de baixão, realizado em terra, em áreas próximas ao leito dos afluentes.

Para chegar aos valores médios foi considerado uma balsa grande, com 18 garimpeiros e duas cozinheiras. Nas operações de baixão, foram incluídos no cálculo o operador da retroescavadeira e as horas das máquinas.

O levantamento mostrou que o faturamento mensal para o garimpo de baixão é de R$ 930 mil, enquanto o lucro fica em torno dos R$ 343 mil mensais. Entre os gastos contabilizados pelos pesquisadores aparecem despesas com combustível, internet e mercúrio, além da remuneração dos garimpeiros e das cozinheiras.

“Os garimpos são empreendimentos com alto investimento e uma renda considerável, mas beneficiados por uma legislação que faz poucas exigências para autorizar as operações e que não atrela ao garimpo a responsabilidade de recuperar as áreas devastadas e contaminadas pelo mercúrio. Aí, reside o interesse em seguir mantendo a aura artesanal do garimpo, que já não é realidade há muito tempo”, alerta Larissa Rodrigues, gerente de portfólio do Escolhas.

Além disso, o estudo também destaca que desde 2012, o garimpo de baixão ganhou ainda mais força com o uso de retroescavadeiras para extração de minérios. “Antes, eram necessários 30 dias de trabalho para derrubar a floresta e abrir uma área de garimpo. Hoje, as retroescavadeiras fazem isso em uma semana”, afirma Rodrigues.

A expansão do garimpo traz consigo também uma série de impactos sociais e ambientais, como a destruição de florestas nativas, danos à saúde de comunidades que moram nas proximidades dos locais de exploração e a invasão de terras indígenas, como o que aconteceu com o povo Yanomami, em Roraima.

Para tentar conter o avanço do garimpo na Amazônia, o estudo do Instituto Escolhas apresentou algumas medidas que podem ser adotadas para evitar o aumento da destruição da vegetação nativa da região.

Entre elas, está a criação de um teto para uma produção mineral em garimpos e, a partir dele, estabelecer a migração obrigatória para o regime de concessão de lavras. Também destaca a necessidade de trabalhos de pesquisa mineral para aproveitamento econômico.

Fonte: Metrópoles

Júlio Gadelha http://ovies.com.br

Estudante de Jornalismo graduado em Marketing: Explorando o caminho brasileiro da Democracia e da Política.

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